terça-feira, 24 de maio de 2011

Amor a crediário

- Alô.
- Boa tarde, senhor.
- Boa tarde – diz sem nenhuma ênfase.

Era ela? Não poderia ser, tivera notícias de que casara-se com um magnata do Mangabeiras há dois anos. Essas ratas que andam atrás do dinheiro não trabalham com telemarketing depois de consumir queijo Camembert.

- O senhor possui cartão de crédito ou conta em algum banco?

- Não, carrego meu dinheiro gordo na carteira e o que não cabe guardo no cofre.

- Não lhe interessaria uma conta no nosso banco, senhor? Veja bem as vantagens são....

- A vantagem é que não tenho uma rata turca para sugar até meus últimos tostões. - Interrompe ele de sopetão.

- Mas as ruas andam cheias de criminosos, não seria melhor guardar seu dinheiro em uma conta e sacá-lo sempre que quiser em qualquer uma de nossas agências, que, inclusive, são muitas.

- Nos lugares que frequento as mulheres é que são verdadeiras criminosas. Ao menor descuido sacam-lhe a carteira. E não sou lá de frequentar camas de prostíbulo.

- Nosso banco possui um plano surpreendente de cartão de crédito. Sem anuidade e bônus para os clientes que usam com frequência.

- Novamente, minha senhora? Sou um cético, não há créditos que me encantem.

- Mas veja, senhor, há mais...

- Sem mais, nem menos, minha cara. O que tenho para tratar com você já está findo.

- Mas...

- Agradeço sua insistência. Tenha uma boa tarde. Passe bem.

- Eu ainda te amo.

- Ame o meu dinheiro à distância, não sou louco de entregá-lo de mãos beijadas. Faça valer a pena.

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